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PADRE JOSÉ MARCHETTI

Biografia

Pai dos Órfãos e Mártir da Caridade

José Marchetti nasceu em 03 de outubro de 1869, em Lombrici de Camaiore, Itália.

Era filho de Angelo Marchetti e Carolina Ghilarducci Marchetti. A vida em Camaiore era pacata como eram as pequenas cidades interioranas.

Foi neste ambiente de tranquilidade e pobreza que nasceu e viveu José Marchetti, coincidentemente no mês missionário. Logo se revelou um menino admirável pela sua inteligência precoce, pela sua dedicação ao trabalho e ao estudo.

José Marchetti aprendeu a ler e escrever bem cedo, possuidor de uma vontade férrea, ainda jovem dominou o francês, falando-o com desenvoltura. Começou a trabalhar, ainda criança, colaborando com o pai no moinho dos Mansi. O trabalho duro de moleiro no moinho aumentou-lhe a sensibilidade para com os pobres e lhe fortaleceu o caráter e a vontade.

Em 1883, tornou-se aluno do seminário San Michele, da cidade de Lucca. Foi ordenado sacerdote em 03 de abril de 1892. Celebrando a primeira missa em Capezzano Pianore, Itália.

Logo depois, ensinou, por pouco tempo, no Seminário, mas o seu pensamento corria frequentemente ao mundo da migração.

Em 25 de abril de 1892, o Bispo de Piacenza, o Bem-aventurado João Batista Scalabrini, proferiu uma conferência na igreja dos Servos de Maria, em Lucca, na qual apresentou a situação dramática dos migrantes. 

Padre José Marchetti, já como pároco de Compignano, tinha vivido na carne tal experiência, acompanhando até o porto de Gênova os habitantes da sua paróquia, que devido às graves situações migravam para a América.

No porto de Gênova ele os protegeu contra ataques dos agentes de migração, verdadeiros ‘mercadores de carne humana’. Nesta ocasião, Padre José Marchetti se apresentou ao armador do navio para obter, o quanto antes, o embarque de seus paroquianos, também desprovidos, naquele momento, da passagem.

Diante deste adeus não soube esconder a sua dor. O armador Gavotti entendeu o drama do Padre José e pegando-o pela mão lhe disse; “Aposto que o senhor iria com prazer acompanhá-los às América”. A resposta não veio da voz do Padre José Marchetti, mas dos olhos, que concordaram. “Pois bem”, respondeu o armador, “não só desta vez, mas também no futuro, eu desejo que os meus navios a vapor, para migrantes, tenham o seu Capelão de bordo”. Pronto! Estava selado no coração de Padre Marchetti um novo rumo para a vida: seria missionário em terra estrangeira, iniciando como Capelão de bordo.

No ano de 1894, comunicou-se com o Bispo Scalabrini, informando-o de seu desejo de ingressar na Congregação dos Missionários de São Carlos. E assim aconteceu. Durante sua segunda viagem ao Brasil, a bordo do Navio Júlio César, em dezembro de 1894, presenciou a morte de uma jovem mãe que deixou na orfandade um bebê de colo. Padre José Marchetti prometeu arranjar um modo de cuidar da criança. Tal fato colocou-o na realidade dos órfãos da migração, que eram muitos. Assim decidiu fundar, na cidade de São Paulo, dois orfanatos para acolher as crianças desamparadas e necessitadas de acolhida, educação e afeto.

Enquanto os orfanatos eram construídos, padre José, em outubro de 1895, retornou à Itália para realizar sua profissão religiosa na Congregação de São Carlos Borromeo e buscar quatro Irmãs, as pioneiras do Instituto das “Servas dos Órfãos e dos Abandonados no Exterior”, Congregação que hoje é reconhecida como Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas.

Em 08 de dezembro de 1895, o Orfanato Cristóvão Colombo, do Bairro Ipiranga, foi inaugurado oficialmente. Neste período, ao mesmo tempo em que cuidava da continuidade da construção, da provisão do orfanato e já colocava as bases para um novo orfanato, o da Vila Prudente, e ao mesmo tempo se ocupava da formação das Irmãs. Sem falar das diversas viagens pastorais pelas cidades e fazendas do interior do Estado de São Paulo, onde trabalhavam milhares de imigrantes italianos. Foi professor, capelão de bordo, fundador dos Orfanatos “Cristóvão Colombo” e Cofundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas.

A sua vida era intensa e sem descanso, como escreveu o professor Augustin Wernet. “Na assistência aos imigrantes, que estavam espalhados em várias regiões do Estado de São Paulo, Padre José Marchetti não fazia restrições. Sabendo que em Jaú grave moléstia os atingiu, enfrentou inúmeros sacrifícios para assisti-los e confortá-los. Dedicando-se inteiramente à sua missão, em Jaú, após um mês, contraiu a febre amarela e o tifo. A moléstia ceifou a preciosa vida do jovem sacerdote. Padre José Marchetti faleceu no dia 14 de dezembro de 1896.

Para substituí-lo à frente dos orfanatos e da grande missão entre os colonos, Dom Scalabrini designou o Padre Faustino Consoni, dando-lhe a seguinte recomendação: “Destinei-o a ocupar o lugar do querido Padre José. Ele é um santo. Tenho certeza de que lá do céu o ajudará a conduzir e a levar a termo a obra por ele começada… É a missão mais importante de nossa congregação! É preciso, por isso, enfrentar qualquer sacrifício para sustentá-la”.

Reconhecendo a heroicidade das suas virtudes, o Papa Francisco, em 08 de julho de 2016, declarou-o Venerável.