Pe. José Marchetti: Testemunho de um missionário santo

Quem passa pela Rua José Marchetti, cruzando a Av. Nazaré, no Ipiranga, logo acima do Parque da Independência, pergunta quem teria sido esse José Marchetti, que deu nome a uma rua movimentada de São Paulo? E por qual motivo, exatamente, no Ipiranga?

Em poucas palavras: Padre José Marchetti, missionário italiano da Congregação dos Missionários de São Carlos (Carlistas ou Scalabrinianos), fundada pelo beato Giovanni Battista Scalabrini, bispo de Módena (Italia) para a assistência religiosa aos migrantes que deixavam a Itália à procura de vida melhor em outros países. Pe. José nasceu em 1869, em Lombrici, Camaiore, na província de Lucca, e foi ordenado padre em 1892. Logo em seguida, com apenas 25 anos de idade, veio ao Brasil para acompanhar os imigrantes italianos em São Paulo.

Após um breve período de trabalho missionário incansável, vendo que a missão era imensa, ele voltou à Itália para buscar mais missionários. Entre esses, estavam também sua mãe e sua irmã, a beata Assunta Marchetti. Dedicou-se de corpo e alma ao acompanhamento e assistência dos imigrantes em São Paulo, capital e interior. Após contrair a febre tifoide, faleceu em 1896, com apenas 27 anos de idade. Seus restos mortais encontram-se na igreja de São João Batista (Ipiranga), junto do Orfanato Cristóvão Colombo, que Pe. Marchetti quis para as crianças órfãs.

Pe. Marchetti era movido por grande idealismo missionário, desejando servir da melhor forma os migrantes, que se encontravam muitas vezes em situações extremamente precárias no início de sua jornada no Brasil. Sua preocupação eram, sobretudo, as crianças órfãs e abandonadas e os enfermos, que ainda não podiam contar com nenhuma estrutura pública de assistência sanitária. Ele era incansável em sua sidas e vindas pelas fazendas de café, para encontrar e atender as pessoas, e também pela cidade de São Paulo, que começava a se expandir. Com essa atividade intensa, sua saúde também ficou muito fragilizada e não resistiu ao tifo.

Em tempos de conversão e renovação missionária da Igreja, é belo lembrar o exemplo de Pe. José Marchetti e de tantos missionários generosos, que deram sua vida por Jesus e pelos irmãos. A cidade de São Paulo contou com a ação desse jovem sacerdote missionário, assim como contou com o serviço missionário dedicado e dinâmico do jovem José de Anchieta, no início da evangelização e fundação da cidade, em meados do século XVI.

A Igreja renova-se quando ela se torna missionária. E quando apenas se preocupa com a “pastoral de manutenção”, ela perde o vigor missionário e sua vitalidade. A ação missionária renova a Igreja. Ainda hoje são necessários os missionários que partem para longes terras, para anunciar o Evangelho onde ele ainda não chegou. Mas a ação missionária se faz muito necessária também onde a Igreja já está presente, mas perdeu sua vitalidade. São Paulo é terra de missão. Nossas paróquias e comunidades são terra de missão. E vejamos bem, se nossas famílias não se tornaram também terra de missão!

A missão se faz de muitos modos: pelo serviço da caridade e o testemunho convicto e sereno da fé e da adesão a Jesus Cristo e à sua Igreja e pelo anúncio explícito da palavra de Deus e da fé cristã. A família cristã é chamada a ser missionária, vivendo e testemunhando a fé mediante a oração, a prática das obras de misericórdia e a transmissão da fé às crianças e jovens. Há muito espaço para que cada cristão participe da missão e um modo privilegiado de o fazer, é apoiar o trabalho dos missionários com meios materiais e com a oração. E a divulgação da vida dos santos missionários faz bem ao serviço missionário. Olhando para o exemplo deles, sentimo-nos motivados e encorajados a fazer hoje a nossa parte na missão da Igreja. Que o Servo de Deus, José Marchetti, interceda por nós!

SP 11.05.2022
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

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